A Origem do Conflito
Os técnicos denunciam que o hospital paga acima do piso para os enfermeiros, mas oferece menos da metade do salário mínimo estipulado para técnicos de enfermagem. Além disso, por mais de um ano, a direção vinha pagando um valor tutelar fora da carteira, que não incidia sobre férias ou décimo terceiro salário. No último mês, esse pagamento foi cortado sem qualquer aviso.
“Fomos trabalhar sem saber, e, ao olhar as contas, descobrimos que não havia dinheiro. Foi um desespero geral. Só depois de entrarmos em contato com o RH, descobrimos que o valor havia sido cortado. Sem nenhuma comunicação”, relata uma grevista.
A Mobilização
A mobilização começou no dia 8 de novembro, com uma reunião do sindicato. Seguiram-se três dias de manifestações pacíficas na frente do hospital, sem qualquer resposta. Apenas na quinta-feira da semana seguinte, ao iniciar a greve oficialmente, os técnicos obtiveram o pagamento do valor tutelar atrasado.
“O hospital não tinha intenção de pagar. Só nos pagaram porque a greve começou. Antes disso, nos ignoraram completamente, mesmo após manifestações e pedidos de reunião”, explicou um dos líderes do movimento.
Reivindicações dos Grevistas
- Pagamento do piso salarial na carteira: para garantir direitos trabalhistas como férias e décimo terceiro.
- Reajuste do vale-alimentação: congelado em R$ 270,00 há dois anos, enquanto os grevistas pedem pelo menos R$ 400,00.
- Pagamento atrasado: o hospital não quitou o dissídio de 2024.
- Estabilidade para os grevistas: devido a ameaças de demissão em massa.
Outras categorias, como higienização e nutrição, desejam apoiar a greve, mas sofrem repressão direta. "Alguns colegas foram repreendidos apenas por nos apoiar durante seu intervalo. Isso é um absurdo”, contou uma técnica.
Desgaste Psicológico e Assédio Moral
Os grevistas relatam que o ambiente dentro do hospital é insustentável. “Estamos sofrendo ameaças diariamente. Os coordenadores e até alguns enfermeiros, que ganham muito bem e não aderiram, estão nos pressionando de todas as formas. Esse desgaste psicológico é tremendo”, denunciou uma técnica.
A greve também trouxe à tona a contratação de novos técnicos, o que é ilegal durante a mobilização, e o pagamento de horas extras exorbitantes para enfermeiros, enquanto as reivindicações dos técnicos permanecem ignoradas.
Apoio da Comunidade e de Entidades
A comunidade local e entidades têm demonstrado solidariedade aos grevistas. Além de doações de água, alimentos e cobertores, um abaixo-assinado com 120 assinaturas de pacientes e familiares foi entregue em apoio à causa. Vereadores e sindicatos, como o dos enfermeiros e dos metalúrgicos, também se posicionaram ao lado dos técnicos.
Próximos Passos
Os grevistas esperam a intervenção do Ministério Público e do Ministério do Trabalho para mediar a situação. “Queremos o que é nosso por direito: o piso na carteira, um vale-alimentação digno, e os pagamentos atrasados regularizados. Não podemos voltar sem garantias, porque o hospital já mostrou que não cumpre sua palavra”, concluiu uma líder do movimento.
A greve dos técnicos de enfermagem não é apenas uma luta salarial, mas uma batalha por respeito, dignidade e melhores condições de trabalho para uma categoria essencial no cuidado com a saúde da população.